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Mulher

da

terra

Payacú ou Pakajú. O peixe, que já no século XVI, cativava os paladares das etnias que o pescavam, logo virou nome de um dos grupos mais numerosos que habitava toda a faixa sublitorânea dos atuais estados do Rio Grande do Norte e Ceará. O nome Payakús  permaneceu na memória dos mais velhos e dos líderes até o final da década de 1980, quando o grupo,residente nas margens da

Lagoa Encantada, no município cearense de Aquiraz,  ficou mais conhecido como Jenipapo-Kanindé. 

 

O nome foi assumido ao mesmo tempo em que iniciavam uma mobilização política para o reconhecimento da sua etnia. Assessorada pela Pastoral Indigenista da Arquidiocese de Fortaleza, por entidades indigenistas e grupos universitários, entre 1997 e 2002, a tribo Jenipapo-Kanindé foi reconhecida pela Fundação Nacional do Índio, quando um grupo técnico designado pelo órgão realizou diversos estudos visando o reconhecimento étnico, a identificação e a delimitação da terra indígena. 

 

É na força da mulher índia que essa história de luta ganha ainda mais força. Em 1995, a aldeia já contava com o trabalho da índia Maria de Lourdes da Conceição Alves, que se destacava nas ações da Associação Comunitária de Trairrussú e na defesa da causa indígena. Sua trajetória fez com que a aldeia a nomeasse como representante máxima. 

Todo mundo a tem como Pequena. O apelido ganhou da mãe, ainda na infância. Nasceu em 25 de março de 1945, na região do Riacho Saco do Marisco, no município de Aquiraz. Pequena é filha da tribo Jenipapo-Kanindé, onde criou os 16 filhos. É a primeira mulher cacique do Ceará de que se tem registro. Ela diz ser também pioneira no Brasil. 

Tribo Jenipapo-Kanindé

Eleita em outubro de 2015 Mestre da Cultura, título dado pelo edital Tesouros Vivos da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, aos 73 anos, Cacique Pequena é a Primeira mulher brasileira nomeada cacique e fala com orgulho sobre o rompimento de um costume ainda hoje presente entre os índios cearenses: a exclusividade dos homens na função de cacique. 

Cacique Pequena

Na época, a líder comunitária conta que os índios da tribo a colocaram no centro de uma roda. “Dei um grito dizendo que não, não podia”. Ela afirma ter aceitado o desafio de liderança após os mais velhos duvidarem da "voz, eco, garra e força" para ser a cacique da aldeia. 

Conheça o Toré: 

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Presente nas manifestações culturais de diversos povos indígenas que vivem no Nordeste, o Toré é um ritual que une e dança, religião, luta e brincadeira. Podendo variar de acordo com a cultura de cada povo, dança é regida por uma música chamada Toante, que é cantado por apenas um “cantador” ou “cantadora” e acompanhado pelos gritos ritmados do grupo de bailarino. 

Aos 33 anos, Juliana Alves  ocupa o posto de cacique dos Jenipapo-Kanindé, ao lado da irmã, Bida, e da mãe, Cacique Pequena. A índia também faz parte Escola de Cinema Indígena Jenipapo-Kanindé (ECINDIJ), inaugurada em 2 de agosto de 2018 e realizada pela Associação de Mulheres Indígenas Jenipapo-Kanindé com o apoio do Governo do Estado do Ceará. Amante da dança, ela explica sobre a tradição:

beleza  da  vida

O disco Beleza da Vida foi lançado no dia 3 de julho, às 20h, no Anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza. O CD possui composições autorais de Cacique Pequena, liderança da etnia indígena Jenipapo-Kanindé. O repertório revela tradições e traços históricos e culturais do povo Jenipapo-Kanindé, além do respeito pelo meio ambiente. 

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índia apaixonada

beleza da vida

o índio é natureza

índio jenipapo

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